São formas de organização
de trabalhadores e trabalhadoras para a produção, comercialização,
preço justo e consumo consciente, tendo como orientação
a melhoria da qualidade de vida e sobrevivência onde o ser
humano é o centro de todo o processo e não o lucro.
Na Economia Solidária não há relação
de competição
entre os participantes: todos (as) são sujeitos da construção
de sua história e têm responsabilidades coletivas, ganhos e perdas
coletivas. A competição e a maximização da lucratividade
individual não é pauta da Economia Solidária.
No entanto, é difícil
de definir e encontrar um único
conceito de Economia Solidária, pois durante um século
e meio já serviu
para referir-se a diversas realidades. Entretanto, no século XIX, tanto
socialistas como social-cristãos e mesmo liberais, sensibilizados com
o custo humano da Revolução Industrial, criticaram a ciência
econômica clássica por considerar que não integra ou considera
muito pouco a dimensão social da existência humana.
Outros autores consideram que a Economia Solidária “é composta
de organismos produtores de bens e serviços, colocados em condições
jurídicas diversas no seio das quais; porém, a participação
dos homens resulta de sua livre-vontade, onde o poder não tem por origem
a detenção do capital e onde a detenção do capital
não fundamenta a aplicação dos lucros” (GUELIN,
1998: 13). Para Laville a Economia Solidária representa |
Já, conforme Cotera (2003), a Economia
Solidária é uma corrente de pensamento e de ação
que visa a recuperar o sentido social e ético da economia para
enfrentar a desigualdade, a pobreza e a exclusão. Trata-se de
um enfoque baseado na supremacia do indivíduo e de sua capacidade
de realização, mas de um indivíduo capaz de apoiar
e ser apoiado por outros e de reconhecer restrições a
sua liberdade perante os direitos dos demais. Nesse sentido, pretende
incidir sobre as relações sociais consubstanciadas nos
intercâmbios econômicos, garantindo que estejam de acordo
com os direitos e obrigações de todos os envolvidos.
A lógica da Economia Solidária é a busca da satisfação
das necessidades e não apenas o acúmulo de lucros.
Ou seja, a Economia Solidária vem se revelando como uma nova dinâmica
de enfrentamento da pobreza e das desigualdades regionais e se consolidando na
forma de um sistema econômico diferenciado. “O desenvolvimento local
sustentável e solidário requer a democratização do
acesso e a ampliação de programas e projetos que contribuam para
a criação e fortalecimento das redes, das cadeias, das centrais
de comercialização e do sistema de comércio justo, de modo
a dar sustentabilidade aos diversos empreendimentos solidários no Brasil”,
avalia Mendonça. (http://www.mte.gov.br/, 2007)
Por outro lado, uma rede de comércio solidário envolve também
o consumo solidário ou consumo crítico. Como esclarece o site da
Rede Eco Solidária numa rede de comércio solidário os consumidores
tomam uma decisão muito clara frente ao ato de consumo, partindo da premissa:
quando alguém compra um produto de uma empresa que explora os trabalhadores
e que destrói o ecossistema, torna-se co-responsável por isso.
A prática do consumo crítico possibilita a construção
de uma nova economia que distribui a renda de maneira justa, e preserva o meio
ambiente. Nesse sentido, algumas cooperativas se organizam para compra juntas,
em grande quantidade, e conseguem um preço mais baixo.
No atual estágio da Economia Solidária no Brasil, cada vez mais
se pode perceber que a sua construção está se dando com
a importante contribuição das práticas cooperativistas e
associativas, sobretudo do cooperativismo popular, inserido em vários
setores da economia, que além de buscar exercitar os princípios
básicos e históricos, aproxima exclusivamente das camadas populares
da sociedade, ou seja, trabalhadores/as desempregados/as, em vias de desemprego,
em situação precária de trabalho e daqueles/as que buscam
alternativas de complementação de renda. Mas, sobretudo, esta prática
cooperativista tem servido de campo para os trabalhadores e/ou população
de baixa renda, buscarem espaços para atuarem sob uma orientação
que se vincula ao exercício efetivo da cooperação e da solidariedade,
numa perspectiva de alcançarem proteção e mudança
social. Neste caso, a cooperação é uma ação
política que pode ser compreendida como algo que privilegia as práticas
de autogestão e a distribuição coletiva dos resultados dos
negócios feitos pelas cooperativas populares. E a solidariedade pode ser
compreendida como um conjunto de valores que as pessoas possuem e cujas ações
reforçam a ajuda e a confiança mútua.
Nesta perspectiva, o cooperativismo popular se apresenta, também, como
um dos campos onde se pode observar a produção, a construção
e o desenvolvimento de capital social. Sobretudo se este se apresenta como importante
elemento na articulação e construção das redes que
são geradas pelas mais variadas experiências de buscas da minimização
da exclusão social e do desemprego. Por capital social se compreende um
conjunto de vantagens, através das quais, as pessoas em seus grupos se
capacitam para ampliarem os seus acessos a recursos materiais e imateriais, no
sentido de buscarem novas relações com outros atores, tentando
com isto, garantir, sobretudo, o fortalecimento da democracia, o que somente
pode ocorrer com o apoio governamental, ou seja, com a sensibilização
de órgãos públicos, como o caso em questão, para
reconhecer e incentivar as cooperativas como instrumento consciente da construção
de uma rede de Economia Solidária.
É valioso considerar que os conceitos de Economia Solidária e de
Cooperativismo Popular aqui apresentados, representam conceitos em elaboração,
e que as experiências existentes no Brasil, em sua franca maioria, se encontram
ainda em absoluta fase de afirmação, e que em especial, em Uberlândia,
necessitam do apoio da Universidade para se solidificar. A decisão do
Governo Federal de criar a Secretaria Nacional de Economia Solidária -
SENAES, respondendo positivamente às mobilizações feitas
no campo da Economia Solidária, significa uma mudança profunda
nas políticas públicas de trabalho e emprego que visam à geração
de renda e a garantia de direitos de cidadania da população menos
favorecida na sociedade.
À medida que este relacionamento se fortalece, as Cooperativas Populares
têm proporcionado, a seus integrantes, possibilidades de vislumbrar a diminuição
do desemprego e da exclusão social, sendo talvez o único espaço
de realização desses cooperados e cooperadas.
|