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“Há muitas maneiras de definir a educação
ambiental:
- Educação ambiental é a preparação
de pessoas para sua vida enquanto membros da biosfera;
- Educação ambiental é o aprendizado para compreender,
apreciar, saber lidar e manter os sistemas ambientais na sua totalidade;
- Educação ambiental significa aprender a ver o quadro
global que cerca um problema específico – sua história,
seus valores, percepções, fatores econômicos
e tecnológicos, e os processos naturais ou artificiais que
o causam e que sugerem ações para saná-lo;
- Educação ambiental é a aprendizagem de como
gerenciar e melhorar as relações entre a sociedade
humana e o ambiente, de modo integrado e sustentável;
-A educação ambiental significa aprender a empregar
novas tecnologias, aumentar a produtividade, evitar desastres ambientais,
minorar os danos existentes, conhecer e utilizar novas oportunidades
e tomar decisões acertadas.
Educação ambiental é fundamentalmente
uma educação
para a resolução de problemas, a partir das bases filosóficas
do holismo, da sustentabilidade e do aprimoramento. A sua meta é a
resolução de problemas de modo
global, permanente, de forma a encontrar soluções melhores.”
Fonte: http://www.ambiente.sp.gov.br
O distanciamento do homem em relação a natureza identificado
na exploração desmedida dos recursos naturais em prol
do "progresso e desenvolvimento" tem ocasionado diversos
problemas ambientais:a devastação das florestas, a
extinção de animas contaminação dos cursos
de água, a poluição atmosférica e do
solo, etc. E o "Lixo" é um dos grandes problemas
do mundo. O "Lixo" agride a natureza e também aquele
que o originou - o ser humano.
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Aprofundando os conhecimentos em Educação Ambiental |
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Educação Ambiental Transformadora |
A Educação Ambiental Transformadora enfatiza a educação
enquanto processo permanente, cotidiano e coletivo pelo qual agimos
e refletimos, transformando a realidade de vida. Está focada
nas pedagogias problematizadoras do concreto vivido, no reconhecimento
das diferentes necessidades, interesses e modos de relações
na natureza que definem os grupos sociais e o “lugar” ocupado
por estes em sociedade, como meio para se buscar novas sínteses
que indiquem caminhos democráticos, sustentáveis e justos
para todos. Baseia-se no princípio de que as certezas são
relativas; na crítica e autocrítica constante e na ação
política como forma de se estabelecer movimentos emancipatórios
e de transformação social que possibilitem o estabelecimento
de novos patamares de relações na natureza. Esta pode
ser apresentada em três eixos explicativos.
A educação transformadora busca redefinir o modo como
nos relacionamos conosco, com as demais espécies e com o planeta.
Por isso é vista como um processo de politização
e publicização da problemática ambiental por
meio do qual o indivíduo, em grupos sociais, se transforma
e à realidade. Aqui não cabe nenhuma forma de dissociação
entre teoria e prática; subjetividade e objetividade; simbólico
e material; ciência e cultura popular; natural e cultural;
sociedade e ambiente.
Em termos de procedimentos
metodológicos, a Educação
Ambiental Transformadora tem na participação e no exercício
da cidadania princípios para a definição democrática
de quais são as relações adequadas ou vistas
como sustentáveis à vida planetária em cada
contexto histórico.
Educar para transformar
significa romper com as práticas
sociais contrárias ao bem-estar público, à eqüidade
e à solidariedade, estando articulada necessariamente às
mudanças éticas que se fazem pertinentes.
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Fonte:
LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo Loureiro. Educação
Ambiental Transformadora. |
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Educação Ambiental Emancipatória |
A Educação Ambiental Emancipatória parte de
um diagnóstico de que a crise ambiental é resultante
do esgotamento de um projeto civilizatório que entendeu progresso
e conhecimento como dominação e controle e fez da razão
instrumental o atalho mais eficiente à conquista do poder econômico
e político que coloniza e degrada a vida humana e não-humana.
Compreende a educação ambiental como um instrumento de
mudança social e cultural de sentido libertador que, ao lado
de outras iniciativas políticas, legais, sociais, econômicas
e tecnocientíficas, busca responder aos desafios colocados
pela crise socioambiental. |
Fonte:
LIMA, Gustavo Ferreira da Costa. Educação, Emancipação
e Sustentabilidade: Em Defesa de Uma Pedagogia Libertadora para a Educação
Ambiental. |
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Educação Ambiental Emancipatória e Transformadora |
A prática de uma educação ambiental emancipatória
e transformadora (Quintas & Gualda, 1995; Quintas, 2000) comprometida
com a construção de um futuro sustentável, deve
se fundamentar nos seguintes pressupostos:
1. O meio ambiente ecologicamente equilibrado é:
- direito de todos;
- bem de uso comum;
- essencial à sadia qualidade de vida.
2. Preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado
para presentes e futuras gerações é dever:
- do poder público;
- da coletividade.
Preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado antes
de ser um dever é um compromisso ético com as presentes
e futuras gerações.
3. No caso do Brasil, o compromisso ético de preservar e defender
o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras
gerações implica:
- construir um estilo de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente
seguro, num contexto de dependência econômica e exclusão
social;
- praticar uma Gestão Ambiental democrática, fundada
no princípio
de que todas as espécies têm direito a viver no planeta, enfrentando
os desafios de um contexto de privilégios para poucos e obrigações
para muitos.
4. A gestão ambiental é um processo de mediação
de interesses e conflitos entre atores sociais que disputam acesso e uso dos
recursos
ambientais.
5. A gestão ambiental não é neutra. O Estado, ao assumir
determinada postura diante de um problema ambiental, está de fato definindo
quem ficará, na sociedade e no país, com os custos, e quem ficará com
os benefícios advindos da ação antrópica sobre o
meio, seja ele físico-natural ou construído.
6. Ao praticar a gestão ambiental, o Estado distribui custos e benefícios
de modo assimétrico na sociedade (no tempo e no espaço).
7. A sociedade não é o lugar da harmonia, mas, sobretudo, de conflitos
e dos confrontos que ocorrem em suas diferentes esferas (da política,
da economia, das relações sociais, dos valores etc.).
8. Apesar de sermos todos seres humanos, quando se trata de transformar, decidir
ou influenciar sobre a transformação do meio ambiente, há na
sociedade uns que podem mais do que outros.
9. O modo de perceber determinado problema ambiental, ou mesmo a aceitação
de sua existência, não é meramente uma questão cognitiva,
mas é mediado por interesses econômicos, políticos e posição
ideológica e ocorre em determinado contexto social, político,
espacial e temporal.
A Educação no Processo de Gestão Ambiental deve proporcionar
condições para produção e aquisição
de conhecimentos e habilidades, e o desenvolvimento de atitudes visando à participação
individual e coletiva:
- na gestão do uso dos recursos ambientais;
- na concepção e aplicação das decisões que
afetam a qualidade dos meios físico-natural e sociocultural.
10.Os sujeitos da ação educativa devem ser, prioritariamente, segmentos
sociais que são afetados e onerados, de forma direta, pelo ato de gestão
ambiental e dispõem de menos condições para intervirem no
processo decisório.
11.O processo educativo deve ser estruturado no sentido de:
- superar a visão fragmentada da realidade através da construção
e reconstrução do conhecimento sobre ela, num processo de ação
e reflexão, de modo dialógico com os sujeitos envolvidos;
- respeitar a pluralidade e diversidade cultural, fortalecer a ação
coletiva e organizada, articular os aportes de diferentes saberes e fazeres e
proporcionar a compreensão da problemática ambiental em toda
a sua complexidade;
- possibilitar a ação em conjunto com a sociedade civil organizada
e sobretudo com os movimentos sociais, numa visão de educação
ambiental como processo instituinte de novas relações dos seres
humanos entre si e deles com a natureza.
- proporcionar condições para o diálogo com as áreas
disciplinares e com os diferentes atores sociais envolvidos com a gestão
ambiental.
Portanto, está se propondo uma educação ambiental crítica,
transformadora e emancipatória. Critica na medida em que discute e explicita
as contradições do atual modelo de civilização, da
relação sociedadenatureza e das relações sociais
que ele institui. Transformadora, porque ao pôr em discussão o caráter
do processo civilizatório em curso, acredita na capacidade da humanidade
construir um outro futuro a partir da construção de um outro presente
e, assim, instituindo novas relações dos seres humanos entre si
e com a natureza. É também emancipatória, por tomar a liberdade
como valor fundamental e buscar a produção da autonomia dos grupos
subalternos, oprimidos e excluídos.
Nesta perspectiva a sustentabilidade
comporta múltiplas dimensões.
O quadro a seguir, organizado por Simão Marrul (2003:95), proporciona
uma visão das dimensões da sustentabilidade e respectivos critérios
a partir das contribuições de vários estudiosos.
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Dimensões |
Critérios |
Social
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- Alcance de um patamar
razoável de homogeneidade social;
- Distribuição de renda justa;
- Emprego pleno e/ou autônomo com qualidade de vida decente;
- Igualdade de gênero; incorporação plena da
mulher na cidadania econômica (mercado), política
(voto) e social (bemestar);
- Universalização de cobertura das políticas
de educação, saúde, habitação
e seguridade social.
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Cultural |
- Mudanças no interior da continuidade (equilíbrio
entre respeito à tradição e à inovação);
- Capacidade de autonomia para elaboração de um projeto
nacional integrado e endógeno (em oposição às
cópias servis dos modelos alienígenas);
- Autoconfiança combinada com abertura para o mundo;
- Preservação em seu sentido mais amplo; preservação
de valores, práticas e símbolos de identidade; promoção
dos direitos constitucionais das minorias.
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Ecológica |
- Preservação do capital/natureza na sua produção
de recursos renováveis;
- Limitação do uso dos recursos não-renováveis.
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Ambiental |
- Respeito e realce da capacidade de autodepuração
dos ecossistemas naturais.
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Territorial |
- Balanceamento entre configurações urbanas e rurais
(eliminação das inclinações urbanas
nas alocações do investimento público);
- Melhoria do ambiente urbano;
- Superação das disparidades inter-regionais;
- Implementação de estratégias de desenvolvimento
ambientalmente seguras para áreas ecologicamente frágeis.
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Econômica |
- Desenvolvimento econômico
intersetorial equilibrado;
- Segurança alimentar;
- Capacidade de modernização contínua dos
instrumentos de produção;
- Razoável nível de autonomia na pesquisa científica
e tecnológica;
- Inserção soberana na economia internacional.
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Políticoinstitucional
(Nacional) |
- Democracia definida em termos de apropriação
universal dos direitos humanos;
- Desenvolvimento da capacidade do Estado para implementar o projeto
nacional, em parceria com todos os empreendedores;
- Um nível razoável de coesão social;
- Democratização da sociedade e do Estado;
- Aplicação efetiva do princípio da precaução;
- Proteção da diversidade biológica e cultural.
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Política
(Internacional)
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- Eficácia do sistema de prevenção de guerras
da ONU, na garantia da paz e na promoção da cooperação
internacional;
- Um pacote Norte-Sul de co-desenvolvimento, baseado na igualdade
(regras do jogo e compartilhamento da responsabilidade de favorecimento
do parceiro mais fraco);
- Controle institucional efetivo do sistema internacional financeiro
e de negócios;
- Controle Internacional efetivo do Princípio da Precaução
na gestão do meio ambiente e dos recursos naturais; prevenção
das mudanças globais negativas; proteção da
diversidade biológica e cultural; e gestão do patrimônio
global como herança comum da humanidade;
- Sistema efetivo de cooperação científica
e tecnológica internacional e eliminação parcial
do caráter de commodity da ciência e tecnologia, assumindo-se,
também como propriedade da herança comum da humanidade. |
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Fonte: Adaptação a partir de Guimarães (1998),
Bartholo Jr.& Bursztyn (1999) e Sachs (2000). |
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Fonte:
QUINTAS, José Silva. Educação
no Processo de Gestão Ambiental: Uma Proposta de Educação
Ambiental Transformadora e Emancipatória. |
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